O fim de um relacionamento raramente se encerra no instante em que as palavras de despedida são ditas. A ciência mostra que o desligamento emocional pode ser um processo surpreendentemente longo, que se estende muito além do que o senso comum imagina. Pesquisadores da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, dedicaram-se a entender esse intervalo e revelaram que, em média, o apego a um ex leva cerca de quatro anos para começar a se dissolver, mas pode persistir por até oito anos até que seja superado de forma plena.
Esse período é marcado por uma série de fatores que vão desde a intensidade da relação até a dependência emocional criada durante a convivência. Memórias significativas, ausência de novos vínculos sólidos e até o modo como cada pessoa elabora perdas influenciam diretamente o tempo de recuperação. Para alguns, a construção de uma nova vida amorosa pode acelerar o processo; para outros, o vínculo invisível permanece, mesmo diante de novos relacionamentos.
O médium e especialista em relacionamentos Henri Fesa destaca que estar com outra pessoa ou até mesmo amar novamente não significa necessariamente ter superado um antigo amor. Segundo ele, há também uma dimensão espiritual que explica por que, em certos casos, ex-parceiros acabam se reencontrando ou até retomando a relação. “O amor e o apego não seguem o relógio da razão. Cada indivíduo precisa respeitar seu próprio ritmo, sob risco de criar bloqueios emocionais ainda mais profundos ao tentar forçar o esquecimento”, observa.
Esse olhar espiritual se soma à perspectiva científica, que aponta caminhos possíveis para a elaboração saudável do luto amoroso. Evitar comparações, cultivar novos interesses e buscar apoio emocional são práticas que podem facilitar o desapego. Mais do que apagar lembranças, trata-se de integrá-las à própria história, sem permitir que elas impeçam novos começos. A superação, nesse sentido, vai além do simples ato de esquecer: é um processo de amadurecimento, que transforma a dor da separação em aprendizado.
Superar um ex, portanto, não é uma corrida contra o tempo, mas um exercício de consciência e cuidado com a própria saúde emocional. Em alguns casos, pode significar reatar; em outros, trilhar um caminho inteiramente novo. O essencial é reconhecer que cada trajetória é singular e que respeitar o próprio processo é a chave para que o fim de uma relação se torne, com o tempo, a oportunidade de um recomeço mais maduro e verdadeiro.