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Enoturismo em transformação: o que revela a lista dos 50 melhores vinhedos de 2025

O primeiro lugar conquistado pela chilena Vik não é apenas uma celebração individual, mas um sinal claro de que a América do Sul assume um protagonismo crescente ao transformar vinícolas em destinos completos, onde arquitetura, design, gastronomia e paisagem formam um diálogo harmônico. O anúncio, realizado em Margaret River, na Austrália Ocidental, reforça uma tendência internacional: a experiência vale tanto quanto o vinho.

A ascensão da Vik resume esse movimento. Localizada no Vale de Millahue, área que os povos originários Mapuche chamavam de “lugar dourado” para o cultivo de uvas, a propriedade reúne 4.400 hectares de vinhedos distribuídos em diferentes microclimas, um hotel de desenho futurista com suítes únicas e uma visão contemporânea sobre hospitalidade rural. Fundada em 2004, a vinícola chilena se estabelece como símbolo de um novo tipo de luxo, no qual a imersão é tão importante quanto o terroir. Assim, sucede a espanhola Marqués de Riscal, agora integrante do Hall da Fama.

O restante do continente também se destaca. Chile, Argentina e Uruguai somam 13 posições na lista, todas marcadas por propostas ousadas. A chilena Montes, no Vale do Colchagua, aposta na combinação de degustações ao som de cantos gregorianos com uma trilha botânica de seis quilômetros. Almaviva, no Vale do Maipo, aproxima Bordeaux da Cordilheira ao reinterpretar a tradição francesa com leveza contemporânea. Viña Santa Rita amplia a noção de visitação com passeios de carruagem ou bicicleta coletiva, explorando um terreno que abriga capela neogótica e museu. No Uruguai, a Bodega Garzón confirma o dinamismo regional ao ocupar o quarto lugar com seu conjunto arquitetônico integrado à culinária de fogo comandada por Francis Mallmann.

A Argentina apresenta beleza em altitude. Vinícolas como Colomé, situada a mais de três mil metros nos Andes, e Salentein, com suas adegas gravitacionais e mesa de calcário de duas toneladas, reforçam o impacto da geografia na experiência. A Durigutti Family Winemakers leva o enoturismo ao limite ao promover degustações durante voos panorâmicos de helicóptero sobre a paisagem montanhosa.

Na Europa, tradição e inovação caminham juntas. A alemã Schloss Johannisberg ocupa o segundo lugar com sua história que remonta ao século IX e com a distinção de ser o primeiro vinhedo do mundo dedicado exclusivamente ao Riesling. As casas de champanhe reafirmam sua força: Ruinart oferece passeios pelas suas caves de giz com oito quilômetros de extensão, Bollinger impressiona com mais de quatro mil barris e o Château d’Yquem abre ao público uma joia histórica que permaneceu privada por séculos. Já a Espanha marca presença com sete propriedades que combinam história, museus e arquitetura de vanguarda, como a icônica Bodegas Ysios, aos pés da Sierra de Cantabria.

O panorama africano exibe a ascensão da Klein Constantia, na África do Sul, que não apenas se tornou o melhor vinhedo do continente, mas também conquistou o título de maior evolução no ranking com seus passeios de Land Rover e adegas que unem estilo Cape Dutch e contemporaneidade.

A América do Norte apresenta diversidade e amadurecimento. A Jordan Vineyard & Winery, na Califórnia, lidera a região com seus 485 hectares em Sonoma, enquanto a Aperture Cellars desponta como estreante de destaque. No Texas, carvalhos centenários moldam o cenário da William Chris Vineyards, e o Oregon mantém o compromisso com práticas biodinâmicas em propriedades como Brooks Wine e Maysara Winery.

A representatividade global se completa com produtores ingleses que elevam o espumante local a novos patamares, com a japonesa 98Wines consolidando a Ásia com vista para o Monte Fuji, com a neozelandesa Cloudy Bay expandindo seu território para passeios de iate pelos Marlborough Sounds e com o Château Héritage posicionando o Líbano no mapa do enoturismo ao lado do Templo de Baco.

A lista de 2025 não celebra apenas vinhedos. Celebra as histórias que moldam esses lugares, a arquitetura que lhes dá forma, o cuidado com o visitante e a capacidade de transformar uma paisagem em destino. Em um mundo cada vez mais atento ao valor da experiência, essas propriedades surgem como pontos de encontro entre cultura, natureza e prazer. É um retrato do vinho contemporâneo, que se abre para o mundo sem perder o sentido de origem.

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