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Equipes milionárias e o novo modelo financeiro da Fórmula 1

A Fórmula 1 vive um momento de transformação profunda, impulsionado por números que colocam a categoria no centro do debate sobre os ativos mais valiosos do esporte mundial. O que antes era visto como um ambiente de custos excessivos e retornos incertos se tornou, em poucos anos, uma plataforma estável, limitada em oferta e cada vez mais disputada por investidores globais. Com um valor médio de 3,6 bilhões de dólares por equipe, a F1 assumiu definitivamente a posição de liga internacional com maior crescimento em valor relativo.

O motor dessa mudança combina receita crescente, controle de gastos e um cenário de entretenimento global mais competitivo. A chegada da Apple como nova detentora dos direitos de transmissão nos Estados Unidos, o aumento do público após o fenômeno Drive to Survive e o interesse renovado de grandes conglomerados criaram um ambiente em que a F1 deixou de ser um negócio de risco para se tornar um ativo estável, raro e altamente escalável. Dentro desse panorama, cada equipe assume um papel específico que ajuda a explicar a nova arquitetura financeira da categoria.

Ferrari: 6,5 bilhões de dólares

A equipe mais tradicional da Fórmula 1 ocupa, em 2025, o topo absoluto das avaliações. A Ferrari representa a síntese de herança esportiva, identidade cultural e poder comercial. A chegada de Lewis Hamilton fortaleceu ainda mais seu magnetismo global, mesmo que os resultados ainda não tenham atingido o patamar desejado. A equipe lidera métricas de engajamento digital e entrega aos seus parceiros o maior valor de mídia da categoria. Mesmo distante dos títulos desde 2008, mantém uma força simbólica que nenhuma outra organização alcança e que se reflete diretamente em sua avaliação.

Mercedes: 6 bilhões de dólares

A negociação para a venda de uma participação minoritária da Mercedes por cerca de seis bilhões de dólares marcou a virada definitiva da F1 em direção a novos patamares financeiros. A equipe continua se destacando como uma das operações mais lucrativas do esporte global, com mais de 200 milhões de dólares em lucro operacional. A nova dupla de pilotos, George Russell e o jovem Kimi Antonelli, confirma o olhar estratégico para o futuro. Comercialmente, a marca segue em ascensão, com contratos de alto impacto, como o recente acordo com a Adidas. A Mercedes permanece como uma força de gestão exemplar, capaz de combinar performance esportiva e eficiência empresarial.

McLaren: 4,4 bilhões de dólares

Depois de enfrentar um período crítico, a McLaren ressurgiu como uma potência competitiva e empresarial. Sua trajetória recente é uma das mais emblemáticas da categoria. A equipe superou dificuldades financeiras severas, recuperou competitividade técnica e conquistou dois títulos consecutivos de construtores. Lando Norris, líder na disputa pelo campeonato, reforça a narrativa de renovação. O trabalho de Zak Brown transformou a equipe em um case de expansão comercial, com contratos robustos e a chegada da Mastercard como patrocinadora master a partir de 2026. A McLaren hoje simboliza o potencial de crescimento sustentável dentro da categoria.

Red Bull Racing: 4,35 bilhões de dólares

A equipe que dominou a F1 entre 2021 e 2023 enfrenta uma fase de reestruturação. A saída de Adrian Newey, mudanças na direção interna e transições na equipe de pilotos trouxeram instabilidade. Mesmo assim, a presença de Max Verstappen, tetracampeão, mantém o valor esportivo e comercial em níveis excepcionais. O novo acordo com a Carlyle demonstra o apelo contínuo da marca e a expectativa de que a equipe volte a ampliar seus resultados à medida que as mudanças técnicas e organizacionais amadurecem.

Aston Martin: 3,2 bilhões de dólares

Apesar de resultados modestos em 2025, a Aston Martin consolida sua presença como uma das operações mais ambiciosas da Fórmula 1. A contratação de Adrian Newey e o investimento contínuo de Lawrence Stroll reforçam o posicionamento da equipe como um projeto de longo prazo. A marca atrai novos parceiros e abre espaço para categorias de patrocínio inéditas, como cuidados com a pele, com foco no aumento da presença feminina no público da F1. O potencial de crescimento é considerável e o valor da equipe acompanha essa perspectiva.

Williams: 2,5 bilhões de dólares

A Williams passou por um processo de reconstrução profunda. Quando James Vowles assumiu o comando, encontrou uma estrutura defasada, mas o apoio financeiro da Dorilton permitiu modernizações importantes. A equipe entra em 2025 com nova identidade visual e novo nome, Atlassian Williams F1 Team, em sintonia com a modernização da marca. Embora a performance ainda seja irregular, a equipe mostra uma trajetória que inspira confiança e reposiciona seu valor de mercado.

Alpine: 2,45 bilhões de dólares

Em um ano esportivo difícil, a Alpine caiu para o final da tabela, mas mantém pilares importantes para seu futuro. A renovação de Pierre Gasly até 2028 garante estabilidade competitiva. O grupo Renault direciona foco ao mercado norte-americano, área que deve influenciar diretamente na elevação de receita. A possível saída de investidores também pode definir uma nova avaliação e refletir o interesse crescente na equipe.

Sauber: 2,4 bilhões de dólares

A Sauber está prestes a viver uma das maiores transformações do grid. A equipe suíça se tornará oficialmente Audi em 2026, com motores próprios e reposicionamento global. O acordo inclui ampliação de parceiros e a entrada da Revolut como naming partner. Essa transição é vista como um divisor de águas, com expectativa de que o valor da operação cresça rapidamente nos próximos ciclos.

Racing Bulls: 2,3 bilhões de dólares

A segunda equipe da Red Bull passou por mudanças expressivas, inclusive o abandono do nome amplamente criticado utilizado em 2024. A chegada dos motores desenvolvidos em parceria com a Ford a partir de 2026 marca uma nova fase. A equipe se posiciona para assumir papel mais competitivo e comercial, com presença reforçada nos Estados Unidos e eventos de lançamento estrategicamente alinhados ao mercado americano.

Haas: 1,5 bilhão de dólares

A menor equipe do grid permanece como o exemplo mais evidente de resiliência e foco. Gene Haas reafirmou seu compromisso com a Fórmula 1 ao recusar diversas ofertas de compra. A equipe encontrou um novo ponto de estabilidade com Ayao Komatsu, agora diretor, e celebra o desempenho crescente de Oliver Bearman, que alcançou marcos inéditos para a organização. A Haas exemplifica o perfil de equipe que, mesmo com estrutura reduzida, colhe resultados financeiros consistentes.

Um mercado em expansão controlada

A nova fase da Fórmula 1 é sustentada pela combinação entre crescimento, escassez e alto retorno potencial. Com apenas onze equipes a partir da entrada da Cadillac, o acesso é restrito e o interesse aumenta de forma acelerada. A categoria segue ampliando sua presença global, seja pelo engajamento digital, pela entrada em mercados emergentes ou pela disposição de cidades e países em investir cifras expressivas para receber uma etapa anual.

A Fórmula 1 de 2025 consolida um novo paradigma. Não é apenas uma competição automobilística, mas um mercado altamente sofisticado que une estabilidade financeira, valor cultural e projeção global. As equipes, agora ativos disputados e bilionários, refletem um futuro em que a performance nas pistas anda lado a lado com a excelência empresarial.

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