Há alguns meses, o burburinho nas clínicas de estética e nas conversas de bastidores do mundo da beleza tem um nome em comum: Sculptra. O bioestimulador, que há décadas faz parte do arsenal de dermatologistas e cirurgiões plásticos, voltou a ocupar o centro das atenções. Não como uma novidade, mas como um símbolo da beleza inteligente e do rejuvenescimento natural, um retorno que lembra o de uma atriz dos anos 1990 que volta a brilhar sob nova luz.
O ressurgimento do Sculptra tem sido alimentado por uma mistura irresistível de curiosidade, resultados duradouros e histórias que circulam entre celebridades e redes sociais. “Uso todos os dias no meu consultório. Adoro”, contou o dermatologista nova-iorquino Daniel Belkin, conhecido por atender personalidades como Martha Stewart. A enfermeira Vanessa Lee, fundadora do spa The Things We Do, em Los Angeles, confirma o fenômeno. “Os pacientes chegam pedindo pelo nome. A influência das redes é enorme.”
O Sculptra difere profundamente dos preenchedores convencionais. Ele não adiciona volume instantaneamente, mas desperta o corpo a trabalhar por conta própria. Sua fórmula à base de ácido poli-L-lático estimula a produção de colágeno, proteína essencial para a firmeza, elasticidade e densidade da pele. É o tipo de resultado que não se nota de um dia para o outro, mas se revela aos poucos, de forma quase orgânica. “Nossa pele é composta em grande parte por colágeno tipo I, o que mantém sua estrutura firme e viçosa”, explica Belkin. “O Sculptra ajuda a restaurar essa base, devolvendo a textura de uma pele jovem.”
Originalmente aprovado para tratar a lipoatrofia causada pelo HIV, o produto foi adotado ao longo dos anos para uma variedade de finalidades estéticas. Hoje, seu uso vai muito além das bochechas e têmporas. Médicos experientes têm explorado aplicações em áreas como o colo, as coxas e até os glúteos. O objetivo não é criar volume artificial, mas uma sustentação mais firme e natural. “Ele dá estrutura e melhora a qualidade da pele. É um efeito sutil, porém elegante”, afirma Lee.
O retorno do Sculptra também reflete uma mudança de mentalidade na beleza contemporânea. As novas gerações, especialmente as que cresceram vendo os excessos dos preenchimentos faciais, buscam resultados discretos, longe do estigma do “rosto feito”. O bioestimulador se encaixa perfeitamente nesse desejo de naturalidade e durabilidade. Em vez de camuflar o envelhecimento, ele estimula o próprio corpo a trabalhar contra ele.
Mas nem tudo é brilho sem sombra. Especialistas alertam para o uso responsável e criterioso do produto. O Sculptra exige habilidade técnica e paciência: os resultados aparecem em meses, e não em dias, e não pode ser usado em regiões muito superficiais, como sob os olhos. Além disso, como estimula a formação de colágeno, não há como reverter o efeito imediatamente, ao contrário dos preenchedores de ácido hialurônico.
Outra discussão que surge entre cirurgiões é o tipo de colágeno que o Sculptra pode gerar. Alguns acreditam que, em certas circunstâncias, ele pode se assemelhar a tecido cicatricial, o que tornaria liftings futuros mais complexos. “Pode haver um enrijecimento da estrutura, o que limita os resultados de uma cirurgia posterior”, explica a cirurgiã plástica Catherine Chang, de Los Angeles.
A verdade é que o Sculptra nunca saiu de cena. Ele apenas encontrou um novo público, mais informado e mais exigente, que deseja resultados sutis, sustentáveis e personalizados. E talvez seja justamente esse o segredo do seu retorno triunfal. Em um mundo que começa a se cansar dos extremos da estética, o Sculptra oferece uma promessa de equilíbrio: a beleza que amadurece com inteligência.
No fim das contas, como resume Vanessa Lee, o segredo está na moderação. “O Sculptra funciona lindamente em certas áreas e para certas pessoas. Mas é apenas uma ferramenta entre muitas. A beleza está em saber quando e como usá-la.”