Um dos estudos mais abrangentes sobre a vida de expatriados no mundo revelou os destinos mais atrativos para quem busca recomeçar além das fronteiras nacionais. O relatório Expat Insider 2025, publicado anualmente pela InterNations, reuniu opiniões de mais de 10 mil pessoas de 172 nacionalidades e avaliou 46 países em quesitos que vão de qualidade de vida a finanças pessoais. O resultado deste ano confirma uma tendência que vem se consolidando: a força da América Latina no imaginário dos que buscam qualidade, acolhimento e viabilidade econômica em novos lares.

Pelo segundo ano consecutivo, o Panamá ocupa o primeiro lugar. Nada menos que 94% dos expatriados ouvidos afirmam estar satisfeitos em viver no país, que alcançou desempenho de destaque em todos os índices avaliados. Para a editora-chefe da InterNations, Kathrin Chudoba, o sucesso panamenho está na combinação equilibrada de infraestrutura adequada a preços acessíveis, clima agradável e uma cultura acolhedora que favorece a integração. Um perfil demográfico específico reforça essa percepção: o país concentra um número expressivo de aposentados, parcela que se mostra disposta a permanecer de forma definitiva.

Logo atrás do Panamá surge a Colômbia, que deu um salto notável em relação ao ano anterior, subindo da quinta para a segunda posição. O país é visto com entusiasmo especialmente pelo aspecto financeiro, com 81% dos expatriados satisfeitos com sua situação econômica, além de moradia acessível e vida social vibrante. A despeito desses avanços, preocupações com segurança e estabilidade política ainda impedem que a Colômbia alcance melhores posições no quesito qualidade de vida.

O México aparece em terceiro lugar, reafirmando sua vocação para receber estrangeiros. Conhecido pela hospitalidade de seu povo, lidera o índice de facilidade de adaptação. Expatriados relatam ser simples criar laços de amizade, sentir-se em casa e ter uma vida social ativa. As vantagens financeiras também aparecem com força, embora persistam desafios relacionados à segurança e à qualidade do ar.

O cenário asiático também ocupa espaço relevante no ranking de 2025. Tailândia, Vietnã, China, Indonésia e Malásia estão entre os dez primeiros colocados, destacando-se sobretudo pelo custo de vida acessível e pela facilidade em encontrar moradia de qualidade a preços competitivos. A China, que no ano passado ocupava apenas a 19ª posição, figura agora no sexto lugar, impulsionada por melhores perspectivas de carreira, maior segurança no emprego e avanços no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Entre as surpresas positivas estão países mediterrâneos como Chipre, que subiu 22 posições, e Malta, que avançou 20. A Tchéquia e a Irlanda também registraram ganhos expressivos, com destaque para a adoção de novas políticas de trabalho remoto no caso irlandês. Esses avanços refletem economias mais robustas e condições de trabalho mais favoráveis.
Na contramão, os Estados Unidos seguem em queda. O país caiu para a 36ª posição, quase se aproximando do grupo dos dez piores colocados. Questões como transporte público ineficiente, saúde cara e desigual, preocupações com liberdade de expressão e instabilidade política pesaram na avaliação dos expatriados. Moradia cara e dificuldades de integração social reforçam o quadro.

A Europa também enfrenta desafios. Nações tradicionalmente vistas como exemplos de desenvolvimento, como Reino Unido, Alemanha, Suécia, Noruega e Finlândia, estão entre as últimas posições. Apesar da infraestrutura sólida, a alta burocracia, os custos elevados e as dificuldades de adaptação cultural tornam a vida de expatriados menos satisfatória do que se poderia imaginar.

Entre os maiores perdedores de 2025 está a Coreia do Sul, que despencou 21 posições, ocupando agora a 44ª colocação. Problemas em áreas antes bem avaliadas, como saúde, finanças pessoais e estabilidade política, explicam a queda. No fim da lista, pelo oitavo ano consecutivo, está o Kuwait, marcado por isolamento social, opções de lazer limitadas e clima extremo, ainda que sua economia continue a atrair profissionais.

Uma leitura mais ampla do relatório aponta para um elemento central: a relevância crescente das finanças pessoais. Países bem posicionados nesse quesito tendem também a registrar os maiores índices de felicidade entre expatriados. A constatação reforça que, mais do que cenários idílicos, são as realidades concretas do dia a dia que determinam onde a vida no exterior pode ser mais plena.