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A filosofia de Riccardo Giraudi por trás do sucesso do Beefbar

Riccardo Giraudi construiu um império global a partir de um elemento ancestral e aparentemente simples: a carne. Vinte anos após a criação do Beefbar, o empresário monegasco de origem genovesa segue redefinindo o desejo à mesa ao transformar cortes nobres em linguagem de lifestyle contemporâneo. Não se trata apenas de gastronomia, mas de identidade, estética e comportamento, conceitos que Giraudi domina com a naturalidade de quem observa a restauração com o mesmo olhar dedicado às grandes casas de moda.

O Beefbar nasceu de uma intuição que, à época, soava quase improvável. Apostar na carne como produto de luxo, em um continente pouco habituado a enxergá-la sob essa ótica, exigiu visão e timing. Quando a Europa abriu espaço para a importação de carnes premium não europeias, Giraudi já estava preparado. Primeiro veio o Black Angus americano, depois o Wagyu japonês, e com eles a consolidação de um conceito que une excelência do produto, informalidade calculada e ambientes de design marcante. Hoje, com mais de 40 unidades em cidades como Paris, Londres, Milão, Montecarlo e Dubai, o Beefbar é referência mundial e ocupa, pelo terceiro ano consecutivo, o topo do ranking World’s 101 Best Steak Restaurants na categoria de grupos internacionais.

A experiência proposta pelo Beefbar vai além do prato. O cardápio dialoga com cozinhas do mundo inteiro, da robata japonesa à pasta italiana, sempre com a carne como fio condutor. Jamón de Kobe, carbonara de Wagyu e cortes preparados na brasa convivem com uma apresentação pensada para seduzir também o olhar. Para Giraudi, a estética é parte indissociável da experiência. O Instagram não é apenas vitrine, mas extensão da marca, um espaço onde cada detalhe comunica um modo de vida desejável, sofisticado e acessível na medida certa.

Esse raciocínio explica a proximidade conceitual entre gastronomia e moda em sua trajetória. Giraudi não esconde que se inspira mais em maisons fashion do que em outros restaurantes. Observa como o desejo é construído, como o storytelling sustenta o valor percebido e como a coerência estética fideliza públicos de diferentes gerações. O resultado é um restaurante onde se pode comer um hambúrguer em um ambiente de luxo, voltar todos os dias sem cansaço e compartilhar pratos, resgatando um ritual profundamente italiano.

O aniversário de 20 anos do Beefbar marca também uma nova fase de expansão e diversificação. Estão previstas aberturas em destinos como Courchevel, Marrakech, Cortina, Comporta e Istambul, sempre com atenção obsessiva à localização, elemento que Giraudi considera decisivo para o sucesso de qualquer projeto. Paralelamente, o empresário amplia seu portfólio com iniciativas que incluem pizza, pasta e colaborações com marcas de moda, como a direção artística dos novos bares e restaurantes da Lacoste, posicionados no segmento premium e pensados para dialogar com o universo visual e digital contemporâneo.

Apesar da escala global, Giraudi mantém um discurso direto e pouco idealizado sobre o setor. A restauração, segundo ele, é um negócio de margens estreitas e riscos constantes. Quando funciona, rende pouco. Quando falha, perde-se muito. Ainda assim, é justamente essa tensão que o move a experimentar, ajustar e manter o brand jovem. O desafio não é repetir fórmulas consagradas, mas surpreender um público que cresce junto com a marca e que hoje inclui também os filhos de seus primeiros clientes.

No centro de tudo está a criação de desejo. Para Riccardo Giraudi, é esse o ponto em comum entre moda, gastronomia e lifestyle. Não basta oferecer qualidade técnica ou ingredientes raros. É preciso contar uma história, provocar emoção e fazer com que o consumidor se reconheça naquele universo. Vinte anos depois, o Beefbar continua sendo menos sobre carne e mais sobre a forma como escolhemos vivenciar o prazer à mesa no mundo contemporâneo.

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