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Fendi 100 anos: o legado de uma dinastia que moldou o luxo italiano

A Fendi abre um novo capítulo em sua história centenária com o anúncio de Maria Grazia Chiuri como nova diretora criativa, marcando um retorno triunfal após sua passagem pela Dior. Sua estreia está marcada para fevereiro, durante a apresentação da coleção de outono/inverno 2026, e representa mais do que uma simples troca de liderança, é a continuidade de um legado que atravessa gerações, mantendo-se fiel à tradição e à ousadia que definem a maison italiana desde sua origem.

Fundada em 1925 por Adele e Edoardo Fendi, a marca começou como uma pequena loja de artigos de couro e pele na Via del Plebiscito, em Roma. O sucesso entre a elite romana levou à expansão e, duas décadas depois, à entrada das cinco filhas do casal, Paola, Anna, Franca, Carla e Alda, que transformaram a empresa familiar em um império de sofisticação e inovação. “Minha mãe costumava dizer que nós, suas filhas, éramos como uma mão, com cinco dedos diferentes, mas igualmente essenciais umas às outras”, relembra Anna Fendi, refletindo sobre o espírito de união que moldou a essência da casa.

Nos anos 1960, a Fendi deu um salto rumo ao futuro ao convidar Karl Lagerfeld, então um jovem designer alemão, para reinventar o uso da pele e expandir o alcance criativo da marca. Sua genialidade redefiniu o luxo italiano. Ele criou o icônico logotipo duplo “F”, transformou a identidade da maison e introduziu o conceito de moda como expressão artística. Ao longo de mais de meio século, Lagerfeld consolidou a Fendi como um símbolo de elegância moderna, imprimindo uma visão que ecoa até hoje.

Entre as herdeiras do legado familiar, Silvia Venturini Fendi assumiu papel central na evolução contemporânea da marca. Filha de Anna, cresceu imersa nos bastidores da moda, desfilando aos seis anos para o próprio Lagerfeld e testemunhando o nascimento de uma era. Tentou, por um tempo, afastar-se do destino que parecia traçado, viveu em Los Angeles, viajou pelo Brasil, buscou novos caminhos, mas acabou atraída de volta pelas raízes que a definem. Hoje, é responsável pelas linhas de ready-to-wear e acessórios, além de ter sido a mente criativa por trás de um dos maiores ícones da moda: a bolsa Baguette.

Lançada em 1997, a Baguette tornou-se um fenômeno cultural. Em uma época dominada pelo minimalismo e pela neutralidade estética, Silvia ousou propor o oposto: uma bolsa vibrante, artesanal e única. “Era o momento certo para romper. Todos vestiam preto, com mochilas de nylon, e eu quis algo que resgatasse a beleza da imperfeição manual. A Baguette nasceu para o dia, mas tinha a alma da noite. E foi exatamente isso que a tornou eterna.”

Com o passar das décadas, a Fendi manteve sua habilidade singular de combinar tradição e experimentação. Sob a direção de Silvia, a marca celebrou seu centenário com uma coleção que revisita suas origens sem nostalgia, transformando memórias em movimento. “Quis homenagear quem somos, nossas raízes e valores, sem fazer uma retrospectiva. Não precisei ir ao arquivo, porque lembro de tudo, vi essas roupas em minha mãe e em minhas tias. Elas falam de mulheres fortes, mais do que de coleções específicas”, conta.

Essas mulheres continuam a inspirar as criações da maison. Princesas e rainhas modernas, como Eugenie de York e Rania da Jordânia, já vestiram peças que refletem essa união entre poder e elegância. “Admiro mulheres que podem ter tudo e ainda escolhem o que as representa. Quando escolhem Fendi, é uma homenagem”, diz Silvia, que vê na força feminina o fio condutor da marca desde sua fundação.

Hoje, a Fendi celebra cem anos como um ícone de autenticidade e visão. Maria Grazia Chiuri assume o comando criativo diante de um legado monumental, mas também diante de um futuro aberto à reinvenção. E, como observa Silvia Venturini Fendi, com orgulho e lucidez, “temos o cromossomo Fendi, o cromossomo duplo-F. Este momento é de celebração, mas também de partida. Agora, precisamos trabalhar pelos próximos cem anos.”

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