O segundo dia do São Paulo Fashion Week N60 ganhou ares de espetáculo aéreo com a apresentação da Forca Studio. Em plena pista do Aeroporto Campo de Marte, o público assistiu a quatro paraquedistas cortarem o céu antes da primeira modelo surgir, marcando o início de um desfile que fez do céu o ponto de partida para uma nova fase da marca. Com três anos de trajetória, a etiqueta comandada por Vivian Rivaben e Silvio De Marchi entra oficialmente no calendário de atacado e lança sua linha sob medida, celebrando um momento de expansão que simbolicamente foi traduzido pelo salto inaugural.
A escolha do Campo de Marte não foi apenas cenográfica. Em torno de uma aeronave militar similar às usadas pela Força Aérea Brasileira, a coleção “Helyx” desfilou em clima de energia bruta e sofisticação urbana. A metáfora do voo foi levada a sério. A marca mostrou que está pronta para alcançar novos horizontes, ampliando sua atuação por meio de multimarcas em todo o território brasileiro e oferecendo peças personalizadas em seu ateliê-showroom na Barra Funda. Inspirada em esportes radicais e na vibração das ruas paulistanas, a coleção apresentou cerca de cinquenta looks com cortes aerodinâmicos, materiais contrastantes e uma identidade fortemente ligada ao universo clubber. Couro, jacquard, chiffon e denim formaram combinações entre rigidez e fluidez, enquanto a cartela de cores evocou uniformes de aviação, oscilando entre off-white, verde oliva e vermelho queimado. O utilitarismo apareceu em jaquetas com múltiplos bolsos, calças com fechos metálicos, parkas plastificadas e tops, reafirmando a estética funcional que acompanha a marca desde sua criação.
Os casacos de mangas arredondadas evocaram paraquedas abertos, enquanto a alfaiataria trouxe camisas, gravatas e paletós reinterpretados para um cenário contemporâneo. O acabamento poderia ganhar mais atenção, mas a ousadia conceitual e cenográfica foi incontestável. A Forca Studio reforçou sua ligação com a cena noturna e o vestuário performático ao apresentar uma colaboração com a criadora Cece, especialista em látex para insiders das festas techno. Os bodies criados em parceria adicionaram uma camada futurista à coleção. Luvas volumosas e braçadeiras inspiradas em equipamentos de paraquedismo completaram o visual e intensificaram o espírito esportivo e experimental da apresentação.
Alinne Moraes, Vitória Strada e o cantor mexicano Christian Chávez foram algumas das presenças que iluminaram a passarela, acompanhadas por uma trilha sonora intensa de Silenzo/Urro e beleza assinada por Maxi Weber, que apostou em olhos esfumados em preto e vermelho com atmosfera vampiresca. A Forca Studio apresentou um manifesto sobre coragem, reinvenção e liberdade criativa. Ao transformar um aeroporto em passarela e o céu em metáfora, a marca deixou claro que está pronta para alçar voos mais altos, levando consigo a energia clubber, o olhar urbano e a ousadia que sempre definiram seu DNA.
