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O brutalismo reinventado em Tbilisi: dentro do novo Telegraph Hotel

No coração da capital georgiana, um edifício que já simbolizou a comunicação e o progresso do século passado renasce como um dos endereços mais sofisticados do novo turismo de design do Leste Europeu. O Telegraph Hotel, inaugurado recentemente em Tbilisi, ocupa o antigo prédio dos correios da cidade e transforma sua monumental estrutura brutalista em um espaço de convivência cosmopolita e elegante.

A obra, assinada originalmente pelos arquitetos Lado Meskhishvili e Teimuraz Mikashavidze em 1964, sempre foi um marco urbano na Rustaveli Avenue, uma das principais artérias da cidade. Sua fachada de pedra clara, os imponentes átrios duplos e as linhas geométricas rigorosas refletiam o ideal modernista de solidez e ordem. Décadas depois, o edifício retorna à vida pelas mãos do empresário George Ramishvili, fundador do Silk Road Group, com um novo propósito: preservar a essência arquitetônica do passado e transformá-la em uma experiência contemporânea de hospitalidade.

O Telegraph surge em um momento em que Tbilisi se consolida como destino cultural vibrante, descrita pela imprensa internacional como “a nova Berlim”. A cidade mistura influências orientais e europeias, mesclando igrejas ortodoxas e banhos termais seculares com cafés modernos e galerias de arte. Essa energia híbrida também se reflete no novo hotel, que propõe uma leitura artística e sensível de sua herança soviética.

Com 239 quartos, o Telegraph combina pé-direito alto e divisórias de ferro preto em traços geométricos que remetem a Mondrian. O design interior é assinado pelo estúdio Neri & Hu, de Singapura, reconhecido pela habilidade de unir história e modernidade. Cada ambiente evoca o diálogo entre o passado industrial e o presente criativo de Tbilisi, equilibrando austeridade e conforto com refinamento discreto.

O hotel abriga cinco restaurantes que reinterpretam a gastronomia global sob diferentes perspectivas. O Philosophico celebra a cozinha italiana com ares de trattoria contemporânea; o Laan Thai apresenta sabores autênticos da Tailândia sob comando da chef Rose Chalalai Singh, radicada em Paris; e o Grand Café homenageia a culinária georgiana com receitas inspiradas nas tradições familiares. Além disso, uma biblioteca de vinhos e um bar ao ar livre ampliam o espírito convivial que marca o projeto.

Para além da hospedagem, o Telegraph foi pensado como um centro cultural vivo. O Tatuza Jazz Club, no subsolo, leva o nome de um renomado músico local e se tornou o primeiro espaço do gênero na cidade, enquanto o Rolling Stone Rooftop Bar inaugura a presença da lendária revista musical em uma nova rede de bares ao redor do mundo. Ambos nasceram com apresentações de artistas internacionais, reafirmando a vocação cosmopolita da casa.

Mais do que um hotel, o Telegraph representa o renascimento de uma arquitetura que volta a pulsar no ritmo do presente. Sua combinação de memória e modernidade sintetiza o espírito de uma Tbilisi em transformação, onde o passado brutalista encontra o futuro criativo da hospitalidade georgiana.

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