Há um novo tipo de luxo surgindo nas ilhas gregas, e ele não se resume mais às vistas da caldeira ou aos pores do sol disputados por flashes e taças de espumante. Em Santorini, o arquiteto nova-iorquino David Rockwell e a empresária grega Christina Panagiotou, do estúdio XKS Architects, criaram o Sandblu Resort, um oásis que traduz a transição da ilha de destino turístico saturado a refúgio de serenidade, bem-estar e autenticidade mediterrânea.
Localizado em Kamari, uma vila adormecida na costa sudeste e distante da badalação de Oia, o Sandblu ocupa o sopé da montanha de Thira, onde ruínas antigas impõem rigorosos códigos de construção. Nenhuma edificação pode ultrapassar sete metros de altura, e é justamente essa limitação que molda a elegância do projeto. O resort se espalha pela encosta como uma sequência de formas geométricas esculpidas em pedra branca, com detalhes em azul cicládico que se integram à paisagem. Do alto de sua piscina infinita, o horizonte parece dissolver-se entre o céu e o mar Egeu.
A grandiosidade está na sutileza. São 66 suítes, dois restaurantes, duas piscinas, spa, academia, clube infantil, cafeteria e uma adega escavada na rocha vulcânica. Cada espaço foi pensado como um convite à calma, com estética minimalista e iluminação projetada para acompanhar a luz do dia. O resultado é um hotel que não compete com a natureza, mas a amplifica.
Shawn Sullivan, parceiro de Rockwell no projeto, explica que a intenção foi criar um refúgio que dialogasse com o ambiente local. Ao usar pedra, madeira caiada e tons inspirados no mar, a arquitetura ganha organicidade e se mistura à geografia da ilha. O Sandblu parece sempre ter estado ali, aguardando ser descoberto.
Nos interiores, o design combina tradição e contemporaneidade. Os quartos evocam o espírito das vilas de Santorini, com tetos curvos e paredes de travertino. O mobiliário artesanal, as cadeiras italianas Morelato e as luminárias de alabastro do estúdio francês Atelier Alain Ellouz reforçam a textura sensorial do espaço. Ao abrir as janelas pintadas à mão, o hóspede sente o vento leve percorrer o ambiente enquanto observa, ao longe, a silhueta da ilha de Anafi.
A experiência gastronômica é outro ponto de destaque. No restaurante Nectar, o chef Panagiotis Boufis e o sommelier Adonis Vidalis transformam ingredientes locais em uma celebração dos sentidos. O menu degustação de nove tempos traz interpretações criativas da culinária grega, com pratos que variam do marathopita cretense a um macaron de queijo azul e beterraba. O Assyrtiko, vinho branco típico da ilha, é protagonista nas harmonizações e revela a mineralidade única do solo vulcânico. O cordeiro cozido lentamente com purê de topinambur é o ápice de uma refeição que celebra o território e o tempo.
O spa Aurora e a academia completam a experiência de bem-estar, oferecendo desde massagens com pedras quentes até aulas particulares de ioga e pilates. Os detalhes continuam nas pequenas gentilezas, como as máscaras faciais da marca 111Skin deixadas no frigobar para um ritual de autocuidado à beira-mar.
Mas o Sandblu não se fecha em si. O resort estimula a descoberta da ilha, com passeios a vinícolas familiares, trilhas até o mosteiro do Profeta Elias e navegações privativas pelo Egeu. A sensação é de fazer parte de algo maior que o turismo, é viver a essência espiritual de Santorini.
Nos próximos anos, o Rockwell Group planeja expandir o conceito com novas vilas e hotéis-satélites em praias vizinhas, mantendo o mesmo equilíbrio entre arquitetura, paisagem e alma grega. Em um mundo em busca de significado, o Sandblu surge como um lembrete de que o verdadeiro luxo está no silêncio, na luz e na beleza de um lugar onde o tempo parece se dissolver no azul do horizonte.
