Dark Mode Light Mode

Amir Slama celebra 35 anos de moda com olhar voltado à Amazônia

O retorno de Amir Slama à São Paulo Fashion Week foi mais do que uma celebração pessoal: foi um manifesto sobre o papel transformador da moda e a importância de preservar o que o Brasil tem de mais precioso, sua natureza e suas vozes originárias. Em uma noite de emoção e propósito, o estilista celebrou 35 anos de carreira com um desfile que uniu passado, presente e futuro em um mesmo gesto criativo.

Reconhecido como o criador da categoria de beachwear de alta moda no país, Slama apresentou uma coleção que revisita momentos emblemáticos de sua trajetória, reafirmando sua essência autoral. Desde os tempos da Rosa Chá, marca com a qual participou da primeira edição do então Morumbi Fashion, até a consolidação de sua grife homônima, o estilista construiu uma linguagem estética que traduz o espírito brasileiro com sofisticação e leveza. “O desfile tem uma revisão desses anos todos de trabalho, com um novo olhar sobre construções icônicas de antigas coleções”, afirmou.

A inspiração desta vez nasceu de uma imersão profunda na Amazônia, fruto de viagens e pesquisas que Slama vem realizando nos últimos anos. O estilista encontrou na floresta uma fonte de renovação e pertencimento, traduzida em cores, texturas e narrativas. Tons terrosos e variações de marrom se misturaram a nuances de pele e cores primárias, expressando a diversidade e a vitalidade do país. Tecidos de apelo ecológico e combinações entre tule, linho e seda deram forma a peças que equilibram sensualidade e naturalidade.

A coleção dialoga ainda com a obra do artista Glauco Rodrigues, cuja visão pop e tropical do Brasil dos anos 1970 serviu de ponto de partida para as estampas. “Glauco retratava o país de maneira moderna e contestadora. Sua arte me inspira a traduzir o Brasil com otimismo, mas também com consciência”, explicou Slama.

O desfile marcou também o lançamento do movimento global Fashion for Forests, idealizado por Amir em parceria com a ativista indígena Txai Suruí e a empreendedora Catarina Bellino. A iniciativa utiliza a moda como ferramenta de ação climática e de valorização da liderança indígena. Durante o evento, foi apresentada a primeira tree-shirt da campanha, uma camiseta cuja venda será revertida em ações de reflorestamento na Amazônia. Para cada unidade vendida, uma árvore será plantada no território Paiter Suruí, em Rondônia, por meio do programa Pamine Reforestation, que já contabiliza mais de um milhão de árvores plantadas.

O desenho da camiseta foi criado pela modelo e artista plástica Claudia Liz, inspirada nas árvores como pulmões do planeta. A peça será comercializada globalmente pela Farfetch, ampliando o alcance do projeto. “Busquei uma imagem simbólica e simples, capaz de comunicar a urgência e a beleza dessa conexão entre natureza e vida”, afirmou a artista.

Ao revisitar sua própria história, Amir Slama reafirma o poder da moda como linguagem cultural e agente de transformação. Seu retorno ao SPFW celebra uma trajetória que começou em 1993 e continua viva, inspirada pelas raízes brasileiras e guiada por uma consciência global. “Ver a riqueza da nossa natureza me inspira muito. Essas viagens me preencheram e, de alguma forma, se refletiram de forma genuína nas minhas criações”, disse o estilista, com o mesmo entusiasmo de quem continua olhando para frente, e para o verde infinito da floresta.

Previous Post

Bold Strap mostra sua face mais leve e glamourosa no SPFW N60

Next Post

Dendezeiro consagra o funk e a resistência no SPFW N60