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Paris Fashion Week 2025: um olhar para o luxo com propósito

Por Luiza Rodas

Como quem percorre o mundo em busca de significado, elegância e propósito, tive o privilégio de acompanhar de perto a Paris Fashion Week deste ano. E o que presenciei foi mais do que roupas desfilando numa passarela: foi uma celebração de identidade, consciência e futuro. A edição feminina da Paris Fashion Week, que apresentou as coleções Primavera/Verão 2026, aconteceu entre 29 de setembro e 7 de outubro de 2025, consolidando Paris como o grande palco final da temporada de moda internacional. Mais do que nunca, a cidade reafirmou seu papel como o epicentro onde tradição e vanguarda se encontram, transformando cada desfile em um manifesto visual sobre o que significa ser contemporâneo.

Três movimentos principais marcaram esta edição. O primeiro foi a autenticidade sobre o espetáculo. A moda, que por tantos anos viveu do impacto e da performance, parece ter encontrado um novo equilíbrio entre inovação e verdade. As grandes casas continuam com produções grandiosas, mas há uma nova sensibilidade no ar, uma valorização dos gestos sutis, dos tecidos que contam histórias, dos detalhes que respiram. O luxo agora é o silêncio entre as notas, não apenas o som alto da tendência. O segundo movimento foi a escolha de espaços com memória e significado. Palácios, jardins e residências históricas foram palco dos desfiles, reforçando a ideia de que a moda não é apenas produto, mas também contexto, cultura e emoção. Essa conexão entre estética e lugar fez com que cada apresentação se tornasse uma experiência sensorial, uma verdadeira viagem pela alma de Paris.

O terceiro movimento foi o das tendências que transcendem o visível. Visualmente, a temporada trouxe volumes arquitetônicos, tweeds revisitados, transparências leves e bordados artesanais, mas o que realmente se destacou foi o diálogo entre tradição e propósito. As coleções pareciam questionar: “O que queremos expressar com o que vestimos?”. Essa reflexão aproxima a moda de algo mais profundo, mais humano. Além disso, a semana foi marcada por uma série de mudanças de comando criativo, muitos designers migraram de marca, trazendo novas leituras, frescor e identidades reformuladas às casas tradicionais. Essa renovação visível nas passarelas reforçou a ideia de que a moda está viva, em constante movimento, e que o luxo contemporâneo é aquele que se reinventa com alma.

Fora das passarelas, o desfile segue acontecendo pelas ruas e restaurantes mais icônicos da cidade. Paris vibra nessa época com uma energia quase cinematográfica, entre taças de champagne, risadas e olhares atentos aos detalhes que contam histórias. É nas mesas do Hotel Costes e do L’Avenue que o espetáculo continua, com editores, designers e modelos transformando almoços em extensões do front row. Em um desses momentos, durante um almoço no L’Avenue, encontrei Domenico Dolce, e vivemos um momento fofo, em que até os cães parecem fazer parte desse universo de estilo: seu cachorrinho, Féfe, logo interagiu com Fluffy, minha Maltipoo, em uma troca de afeto que, de alguma forma, representou a leveza que a moda pode (e deve) ter.

Para a mulher que lê a WayFare Brazil, curiosa, viajante e autêntica, a Paris Fashion Week deixa lições que vão muito além do guarda-roupa. A primeira é escolher o que ecoa: em vez de seguir o que todos vão usar, optar por peças que representam quem você é. A segunda é equilibrar o tempo real e o atemporal, misturando tendências efêmeras com clássicos duradouros. E a terceira é enxergar a moda como experiência global, uma linguagem que atravessa fronteiras, traduz culturas e conecta estilos de vida.

Enquanto caminhava pelas ruas de Paris entre desfiles e cafés, senti que a verdadeira elegância não está apenas em como nos vestimos, mas em como habitamos o mundo. A moda, assim como a vida, é sobre presença. Sobre vestir-se de autenticidade, de leveza, de propósito. Paris, com sua beleza e intensidade, nos convida a olhar a moda não apenas como arte de vestir, mas como arte de viver. Nesta edição, o luxo não foi apenas visual, foi emocional. Foi sobre sentir-se parte de algo maior, um movimento de reconexão entre o que somos e o que escolhemos mostrar ao mundo.

A Paris Fashion Week 2025 não veio apenas para ser vista, mas para ser sentida. E para quem vive entre culturas, caminhos e possibilidades, ela é um lembrete de que a moda continua sendo uma das formas mais poderosas de expressão, uma ponte entre o ser e o parecer, o interior e o exterior, o sonho e a realidade.

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