O setor imobiliário de luxo vive um momento de expansão sem precedentes. As residências de marca, que unem hospitalidade, lifestyle e exclusividade em um mesmo conceito, deixaram de ser uma tendência restrita a alguns polos globais para se consolidarem como protagonistas no cenário internacional. O mais recente relatório Residence Report 2025 da consultoria Knight Frank revela a dimensão desse crescimento e aponta Dubai como o novo epicentro dessa revolução no mercado de alto padrão.
Nos últimos quinze anos, o número de empreendimentos residenciais com assinatura de marcas saltou de 169 para 611, um avanço que fez o volume de unidades crescer de pouco mais de 27 mil para ultrapassar 162 mil. Até 2030, estima-se que o setor ultrapasse a marca de mil projetos em operação, consolidando de forma definitiva esse modelo como referência no mercado imobiliário de luxo.
Historicamente, os Estados Unidos mantiveram a dianteira nesse segmento, mas a supremacia americana começa a ceder espaço. O Oriente Médio, especialmente Dubai e a Arábia Saudita, desponta como polo de atração de capital, criatividade e compradores ultrarricos, movido por projetos de arquitetura ousada, infraestrutura sofisticada e uma disposição em experimentar novas formas de viver. A Ásia-Pacífico também ganha relevância, mas é no Golfo que o setor encontra o terreno mais fértil para expansão.

O dinamismo de Dubai impressiona. Apenas em 2024, as vendas residenciais atingiram 100 bilhões de dólares, sendo 73 bilhões movimentados no primeiro semestre de 2025. A cidade se posiciona como um verdadeiro hub global, capaz de atrair compradores de diferentes nacionalidades em busca de estilo de vida e exclusividade. Para muitos especialistas, Dubai já se consolidou como a “Nova York do Oriente Médio”, onde luxo, inovação e arquitetura icônica convergem em empreendimentos que desafiam limites.
O modelo que dominava o setor, residências atreladas a hotéis, está em transformação. Hoje, quase metade dos novos projetos hoteleiros nos Estados Unidos e no Oriente Médio é concebida como empreendimento independente, oferecendo experiências de altíssimo nível sem a presença de um hotel em funcionamento. Paralelamente, marcas fora do universo hoteleiro, como montadoras de automóveis e grifes de moda, passaram a explorar o setor, criando projetos residenciais que unem identidade de marca, design diferenciado e experiências altamente personalizadas.
Em Miami, um dos principais centros globais de residências de marca, nomes como Porsche, Bentley e Diesel continuam a atrair compradores com diferenciais exclusivos. Em Nova York, projetos icônicos como 111 West 57th Street e as residências do Waldorf Astoria reforçam a combinação de exclusividade, serviço e lifestyle como elementos que sustentam preços elevados mesmo em um mercado tradicionalmente competitivo.
O avanço de Dubai, no entanto, estabelece um novo paradigma. Incorporadoras como a Discovery Land Company criam comunidades privadas de golfe e lifestyle, como o Discovery Dunes, que oferecem um modelo inédito na região e respondem a uma demanda reprimida por experiências completas. Segundo o CEO Mike Meldman, a proposta é semelhante à que a empresa lançou em Las Vegas, onde a combinação de esporte, convivência e exclusividade gerou uma procura imediata.

Enquanto Dubai dita o ritmo da transformação, o futuro das residências de marca se desenha em múltiplos territórios. Estados Unidos, Oriente Médio, Ásia, Índia e até regiões menos exploradas da Europa despontam como fronteiras estratégicas para marcas de hospitalidade, lifestyle e luxo que buscam se reinventar. O setor, que já se tornou um símbolo do novo luxo imobiliário, parece apenas iniciar sua jornada.